Capitulo 3(Natalie): O sobrenome de Lúcifer é Vinicius

De todas as meninas que eu conheci, Isabela tinha alguma coisa especial. Ela era diferente das outras 'amigas' minhas. As outras eram falsas e só ficavam perto de mim para ganhar uma certa fama e convites para minhas festas. Pelo que eu a conheci, parecia não se importar com festas, roupas de marca e maquiagens gritantes, notei isso desde que eu a vi. Sinceramente ela se vestia muito mal e a maquiagem que ela usava era super simples, mal dava para notar. Não parecia que ela vinha da cidade grande, ao contrário, parecia ter saído do interior, sei lá. Vou fazer amizade com ela, lhe ensinar a se vestir bem e a usar maquiagens melhores. Só espero que até lá ela não me faça passar por momentos constrangedores. 

Amanhã é o primeiro dia de aula. Muita gente ficaria triste com isso, mas eu não. Essa ansiedade vai me custar uma noite muito mal dormida, mas não importa. Depois de ter ajudado Isabela quase a tarde inteira, cheguei em casa exausta e fui direto pro quarto. Abri meu closet peguei a primeira camisola de seda que eu vi e a pus. Deitei na cama e só fiz piscar os olhos e caí em um sono profundo. Acordei com o meu despertador gritando nos meus ouvidos, eram 6 da manhã. A aula começava as 8, mas eu precisava me arrumar previamente para ir perfeita. Tomei um banho de espuma, coloquei uma roupa que eu já havia separado faz muito tempo para o primeiro dia de aula. Um vestido lindo da Calvin Klein, um pouco curto, mas não haveria de ter problemas, ser filha do diretor vem com esse pacote especial. Coloquei uma maquiagem não tão forte e nem tão simples como as que a Isabela usava. Tomei um café da manhã bem saudável.

Eu estava tão feliz e ansiosa.

Já eram 7:30, entrei no meu carro e acelerei o máximo que pudi para chegar logo na escola.

Mal cheguei e as minhas "amigas" irritantes já vieram correndo na minha direção.

— Você soube? O Vinicius gostoso vai fazer nossa série! Ele repetiu o ano – falou animada. Daniela sabia de tudo, sempre me deixava informada. 

— Só pode está brincando? Ter que olhar para ele todo dia vai ser tenso - Menti.

— Ah amiga, relaxa. Faz muito tempo que vocês…

— Cala boca, eu não quero nem lembrar o que eu fiz, ok? Prefiro esquecer. – Interrompi.

— Tá bom, não tá mais aqui quem falou.

— Esse seu vestido está um espetáculo! – Julia deu seu gritinho de sempre, mas gostava quando ela me elogiava.

Vi a Isabela perto do bebedouro, com olhares perdidos. Mas é claro que ela estaria perdida. Abri espaço entre as meninas, empurrando-as e fui para perto de Isabela. 

- Precisa de ajuda para achar onde fica a próxima aula? – Perguntei.

Ela me abraçou. Foi estranho, muito estranho. Ao mesmo tempo legal, ela parecia confiar em mim, isso é bom. Depois ela se afastou, deve ter percebido que foi um pouco exagerada.

— Calma Bela. Eu vou te mostrar aonde vai ser nossas aulas e te apresentar todos aqui, ok? – Assim que eu terminei de falar, uma voz surge do nada.

— Pode começar por mim, que tal? – Me virei e vi aquele garoto mais lindo do que ano passado. Vinicius tinha viajado para Espanha, ninguém tinha o visto faz muito tempo. Ele estava perfeito, até mais do que o Renan esse ano. Seu cabelo liso e castanho estava tão bonito quanto antes, tive vontade de bagunça-lo todo. Ele tinha olhos cor de mel e uma pele bronzeada que deixava qualquer uma louca. E seu sorriso...Nossa, completava toda a perfeição, porém por debaixo de tudo isso tinha uma pessoal tão horrível e mesquinha. Ás vezes até me esquecia desse detalhe. 

Afastei esses pensamentos e pus um rosto rígido pra cima dele.

— Muito engraçado Vinicius. Eu gosto da Bela, não faria isso com ela – Falei grossa, do jeito que ele merecia.

— Ah Nati, como se você gostasse de alguém… – soltou um sorriso sarcástico.

— Ao contrario de você, eu trato as pessoas com o seu devido valor. E você tá aqui por quê? Ela é carne nova para você, né? Com ela, você não se mete.

— Calminha Natalie – falou se aproximando de Isabela – Eu pareço ser uma má pessoa pra você? – perguntou para ela.

— Eu…não sei – falou ela olhando para baixo.

— Não se acanhe. Nós dois sabemos da resposta. – falou se aproximando do seu ouvido – eu costumo causar esse efeito nas garotas, sabe? – Pude ver o rosto da Isabela ferver, estava toda vermelha.

— Seu idiota, se afaste dela. – o empurrei

— Nos vemos na sala, gatas – deu uma piscadela pra mim e depois beijou o rosto da Isabela, que sem dúvidas estremeceu completamente. Pude até ver um sorriso brotando nela.

— Você não pode confiar nele – falei irritada quando ele já tinha ido embora.

— O quê? Por que se odeiam tanto? – Ela perguntou com uma pontinha de decepção em seus olhos.

— É… Não é da sua conta, TÁ? – gritei e saí bufando dali

Aquele imbecil, como ele teve coragem? Percebi que Isabela me seguia, afinal eu não tinha dito onde era nossa sala.

— Olha, desculpa. – Me virei para ela.

— Tudo bem… – Ela falou baixinho.

Cheguei mais perto dela. Ela olhava para o chão, quase chorando. Isabela estava com medo, notei. Medo de ter que ficar sozinha, de não conseguir se enturmar, mas isso não acontecer. Eu não vou deixá-la. 

— Não quis gritar com você. É que... É que aquele garoto me irrita. Você não pode confiar nele! – Repeti tentando convencê-la.

— Tudo bem. Eu só pensei que tinha perdido sua amizade. Estranho, porque a gente só conversou um dia, mas você me acolheu tão bem, eu não queria te perder. – Agora uma lágrima caia de seu rosto e uma outra já estava pronta para descer também.

— Ei, ei, ei. – falei limpando suas lágrimas – para de chorar, você não vai me perder, tá? Eu só fiquei irritada, mas não foi com você e não me pergunta mais o que ele fez comigo, ouviu? Porque é uma coisa que eu quero apagar da memória – Coisa que é bem difícil...
E bem, não é que eu queira apagar realmente. Foi uma noite boa demais, mas é bom ela pensar que ele não é uma boa opção. Não quero vê-la dando bola pra ele.

— Desculpa, eu não sabia que era tão grave assim. Se ele te fez algum mal, claro que não vou nem chegar perto dele – sorriu.
"Ótimo, bom assim" pensei.

— Tá perdoada, agora vem. – a puxei e saímos correndo que nem duas loucas para sala de aula.