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Capitulo 8(Isabela) - Perfídia





Por fora, meu rosto era de irritação profunda, mas por dentro, era só confusão... Vou fazer um trabalho com o garoto mais galinha e sedutor da escola.
E ainda mais ele estando afim de mim.
Estou ferrada.
Me vejo como uma presa em um beco sem saída, e Vinicius o predador. Não serei uma presa fraca e indefesa, apesar de todos os atrativos (aroma, beleza, músculos, olhos, dentes....ENFIM), não serei atraída. Serei esperta. Usarei meus instintos de fuga.
Meus pensamentos durante todas as aulas estavam longe, muito longe. Até que as 20 mil aulas terminam finalmente.
Vinicius levantou rápido da sua carteira e veio na minha direção. Meu instinto de fuga acionou e meu corpo reagiu. Me levantei rápido para não ter que falar com ele, até certo ponto parecia estúpido isso porque uma hora a gente tinha que se falar por causa do trabalho, mas antes mesmo que eu parasse, ele me puxou.
Minha fuga já era.
 Ei, espera aí.  Vinicius fala apressado.  Eu sei que você não quer isso, que me odeia e que eu sou a pior pessoa do mundo, mas com todo respeito profissional, você gostaria de ir á minha casa hoje para fazermos logo esse trabalho?  Ele sorriu mostrando os belos dentes. Meu corpo ficou instável e eu pensei que ia cair. Meu instinto acionou novamente e eu me firmei no chão, não vou me dar por vencida. 
 Com todo o respeito profissional, por que você não sai para algum lugar hoje? Vai se divertir e deixa que eu faço o trabalho sozinha, eu não me importo nem um pouco, ao contrário, ia ser até bom.  falei calmamente, retribuindo o sorriso. Bastante irônico.
 Não, de jeito nenhum. Eu sei que eu pareço vagabundo, mas não vou deixar você fazer o NOSSO trabalho todo. Eu quero faze-lo junto com você.  Ele enfatizou o 'nosso' pra que deixasse claro que o trabalho não era só meu. 
 Mas eu não quero, eu vou fazer sozinha.
 Desculpa, mas você não tem o direito de me impedir. — Agora ele estava sério.
 Desculpa, mas eu prefiro tirar zero.  Eu disse secamente.
 Isabela, para! Para com isso. Você está sendo estúpida e infantil  olhei para a roupa dela  e vulgar também. O que aconteceu com você? O que ela te contou?
A palavra vulgar me machucou, eu não estava confortável com essa roupa ou com esses pedaços de roupas, tanto faz. Eu não estava sendo “eu”. Ele me ofendeu, mas eu havia ofendido ele ainda mais. Eu estava esquecendo quem eu realmente sou.
Uma garota que sabe o que quer. Sou forte o suficiente para não ser tentada por ele.
 Tudo bem, de que horas?  Perguntei sem paciência, evitando responder as perguntas que ele fizera.
Suas sobrancelhas se arquearam de surpresa e agora o sorriso dele estava tão largo em seu rosto, que quase me fez sorrir também.
Quase.
 De 14 horas?
 Muito cedo.
 De 15 horas?
 Certo. Tanto faz.   Eu revirei os olhos. Vinicius riu.
 Tchau – Me virei, mas ele me virou de volta e me deu um beijo na bochecha de despedida.
Acho que senti minhas pernas cambalearem.
Essa tarde não será nada fácil. Limpei onde ele havia beijado e o fuzilei. Saí dando passos fortes, transparecendo que eu estava furiosa pelo ato inconveniente de Vinicius.
Encontrei com a Natalie, ela estava pirando como se o mundo dela estivesse desabando.
 Natalie, se acalma, o Rômulo é tão horrível assim?
 Ah é, muito. Mas, eu ainda consigo ter mais pena de você, amiga. Fazer trabalho com aquele imbecil é ainda pior.  Seu rosto parecia que ia explodir.
 É, vou para a casa dele hoje.  Falei com cara de tédio.
 O que? Você não pode ir lá, de jeito nenhum.  Ela soltou, com o tom mais alto do que ela mesmo esperava.
 Calma Nati, eu sei cuidar de mim mesma.  Tentei convence-la. E claro, convencer à mim também.
Ela abriu a boca, mas pensou melhor e a fechou.
— Relaxa. não vai acontecer nada.  A tranquilizei.
 Falar é fácil, Bela. Quando se trata de querer seduzir alguém, ele é bom nisso. Não se esqueça, é por experiência própria que eu digo.
Lembrei do que ela dissera ontem á noite e hesitei.
 Não vai acontecer nada  Eu disse e fiquei repetindo essa última fala mentalmente até a volta para casa. 
Cheguei em casa, cansadíssima, tomei banho e fui almoçar. Depois do almoço, desmaiei no sofá. Acordei com o vídeo game do Kevin super alto. Vi no relógio já eram 15 para as quatro, levantei em um pulo e me arrumei com minhas próprias roupas.
Fui para a casa do Vinicius, me tremendo. Isso não é uma boa forma de começar á me preparar.
Parei em frente a porta, depois de 30 segundos, preferi apenas bater. Assim provavelmente ele não escuta e eu tenho uma boa desculpa para dar á ele amanhã.
Mas em poucos segundos, Vinicius a abre com o cabelo bagunçado, uma blusa xadrez e bermuda. Lindo!
Hesitei.
 Pode entrar.  Ele sorriu e fez sinal com o braço para eu entrar.
 Tenho outra escolha?  revirei os olhos e entrei.
 Não, você não tem.  ele riu e fechou a porta, trancando-a com a chave.
Engoli em seco.
Lembrei-me do beco sem saída.
Calma Isabela, por favor. Mantenha a calma.
 Não entendo… Você ri quando eu sou grossa com você?  Perguntei curiosa.
 É... Toda essa grosseria é uma máscara. Você sempre está na defensiva, isso é interessante.  Ele sorriu como se gostasse. Tudo é um jogo pra ele. Como se ele adorasse ser desafiado.
Não serei seu desafio. Seu joguinho.
 Vamos logo fazer esse trabalho, por favor!  Falei mudando de assunto.
 Sim senhora.  respondeu. Não consegui abafar a risada dessa vez.
Ele se virou surpreso ao ouvir minha risada.
 Finalmente te fiz rir.  Ele deu um sorriso. Um sorriso vitorioso.
 Não fez nada, aquilo foi uma tosse.  Eu olhei pra baixo, esperando alguma coisa me atingir com força e me deixar inconsciente.
 Espero te fazer tossir mais vezes então.  Agora seus dentes estavam a amostra e ele parecia bastante animado pela sua primeira vitória.
Ele foi buscar o seu laptop e nos sentamos no carpete super fofo da sua sala enorme.
 E então, qual o nome do nosso compositor?  Perguntei.
 É... Hum... Pera...  Ele tentava buscar na mente a resposta que nunca viria.
— Eu sabia – Fiz cara de desprezo.  Nem o nome você sabe… É Alceu Valença.
 Por que perguntou?
 Só pra ter certeza que seu interesse nisso tudo é outro.  Revirei os olhos.
 Touché.
— Pesquisa logo.  Ordenei.
— Você é muito mandona, sabia?  Ele olhou para mim, estávamos tão perto um do outro que não consegui evitar mergulhar nos seus olhos. Demorei um pouco para responder.
 Sou sim e muito. Agora se concentre no trabalho  Apontei para o laptop.
Ele pesquisou algumas músicas e eu vi uma de nome “Perfídia”.
 Essa aí, parece ser interessante. Nós podemos relacionar o significado do titulo com a música.
 Eu não faço ideia o que significa “Perfídia”.  Ele me olhou com olhos curiosos.
 É alguém em que não podemos confiar, alguém que só pensa em se aproveitar de outras pessoas, entendeu?
 Ah tudo bem. Então pode ser essa aí mesmo.  Ele deu de ombros.
Fizemos uma grande parte do trabalho e estava quase anoitecendo.
 Ok, vou pedir para fazerem alguma coisa para comermos.  Vinicius falou interrompendo o trabalho.
— Tudo bem, não demora.
Ele pediu para a sua cozinheira preparar um brigadeiro. Depois de alguns minutos ela chega com um prato lotado de chocolate e duas colheres. Vinicius me deu uma e ficou com outra.
Ele pegou um bocado e enfiou dentro da boca.
 Que menino guloso, meu Deus.  Falei assustada e ele riu.
Peguei um pouco para não parecer gulosa também, mas não pude deixar de me melar no canto da boca. Vinicius começou a rir e se habilitou a limpar, eu não tentei impedi-lo.
Ele limpou o resto e comeu. Deixei escapar um sorriso, aquilo foi até bonitinho.
 Seu sorriso é maravilhoso.  ele sorriu também, hipnotizado com os meus olhos. Não se desviou dele um segundo e aquilo estava me deixando embaraçada.
Meu instinto de fuga apitava alto e rápido. Eu simplesmente o ignorei. Não escutava mais nada, não sabia mais de nada. Simplesmente fiquei parada, fitando o seu sorriso, depois o seu cabelo e parando na sua boca. Que parecia tão convidativa quanto qualquer outra boca que já vira.
Ele começou alisar meu cabelo, olhando como sua mão se perdia por dentro dele. Depois ele voltava a me olhar e de um milésimo para o outro, ele já estava a pouquíssimos centímetros de mim. Se curvando cada vez mais em minha direção.
Não tentei procurar pela razão, que já tinha dado adeus faz alguns minutos. Não recuei, não queria recuar.
Ele inclinou a cabeça e meus olhos se fecharam instintivamente.

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